Imagine, num futuro
próximo, você carregando seu carro elétrico na tomada de um posto, ou num
estacionamento – movido a energia solar ou não. Pois bem, você estaciona,
conecta na tomada. Mas como o sistema saberá para quem enviar a conta ao
proprietário?
Esta é apenas uma
situação que necessitará ser resolvida nas cidades inteligentes, onde um
urbanismo voltado para sustentabilidade permitira uma gama de soluções energéticas,
de comunicação, visão maior eficiência nos usos dos recursos urbanos e
energéticos, dando uma possibilidade inigualável de redução de emissões de
gases efeito estufa.
E para isso, será
preciso de redes inteligentes nas cidades.
“Não existe Smart Grid
[redes inteligentes] sem eficiência, mas o controle da eficiência é feito com o
smart grid”, concluiu Carlos Alberto Froes, diretor da KNBS Knowledge Networks
& Business Solutionse que defendeu tese de doutorado na Unicamp* sobre a
implementação de smart grid no Brasil.
Foes não gosta de usar
o termo redes inteligentes em português, prefere o inglês, que carrega na
palavra smart mais do que a inteligência. Para ele, smart insinua esperteza, um
conhecimento, uma inteligência conectada. Enquanto Grid, é mais do que uma
rede, é uma malha.
O smart grid
brasileiro, disse Froes, está atrasado, já que o Ministério de Minas e Energia
ainda protela na conclusão de estudos feitos por um grupo de trabalho
instituído em 2010, mesmo que as empresas de distribuição de energia já
começaram a instalar medidos inteligentes.
DIRETRIZES DO GOVERNO
“O governo precisa
estabelecer as diretrizes estratégicas”, disse. “Todas as partes tem que estar
envolvidas e organizadas”.
Simplificando, o
SmartGgrid é um sistema de redes onde cada unidade consumidora emite e recebe
informação. Além disso, o gerenciador do sistema inteiro – no caso as
distribuidoras e a ONS – podem planejar o sistema para incluir milhões de
residências geradoras por meio de painéis fotovoltaicos ou de, e assim planejar
até o sistema de geração.
“Hoje você constrói as
usinas longe e tem que trazer para o sudeste, mas é possível produzir energia
nas residências em São Paulo”, lembrou.
De fato, a ANEEL já determinou que as mais de 60
distribuidoras definissem, no início de 2013, técnica e comercialmente como as
empresas e residências vão injetar o excesso de energia nas redes. Este junto
de iniciativas de empresas como Light e Emigra, que começaram a distribuir
medidores digitais, é o começo do smart grid no Brasil.
“Vai ser assim mesmo,
cada empresa testando o sistema”, analisou. “Mas temos que ver quem vai pagar
esta conta, e isso depende do regulador”.
Por enquanto, a Aneel
determinou que o consumidor que quer ser gerador vai pagar a conta. É um
investimento que varia de uns R$200 a R$1000 e tem que levar em conta questões
bastante complexas, pois os ganhos virão no longo prazo.
“É uma mudança de
comportamento do consumidor”, explicou Froes. “As tarifas variam sazonalmente e
dentro dia. Com a comunicação entre as residências, as empresas e comércios as
distribuidoras podem oferecer serviços diferenciados que incluem até o
gerenciamento do consumo de energia”.
Para Carlos, não é
simples o caso de cada consumidor, por meio de seu celular ou tablet, desligar
ou ligar equipamentos. Questões técnicas como a freqüência da medição, o
armazenamento da informação e o acesso terão que ser pensadas em um sistema
convergente entre telecomunicações, cabeamento de redes elétricas e de fibras
óticas.
“Estamos falando de
armazenamento de dados da rodem de 40 terabytes se houver uma leitura por
minuto e 1 milhão de clientes”, disse.
E no Brasil são cerca
de 70 milhões de unidades consumidoras de energia.
As experiências das
empresas que estão instalando medidores digitais trarão a informação necessária
para aprimorar o sistema, acredita Froes.
Para isso, será preciso
de novas tecnologias, que podem ser importadas ou desenvolvidas no Brasil.
Carlos comentou que as empresas internacionais já estão de olho no Brasil.
Recentemente, a Silver Springs Networks se instalou aqui
enquanto a IBM já estuda entrar neste mercado. O atrativo é um mercado estimado
em mais de R$40 bilhões, apenas com a instalação dos novos medidores.
Do outro lado, o
consumidor vai ter que pensar e entender mais seus próprios padrões de consumo.
No fundo, o desenvolvimento urbano sustentável requer uma visão mais
estratégica e transversal da cidade e de sua inserção nela.
Portanto, quando você
necessitar recarregar a bateria do seu carro, não só vai poder consultar o
melhor lugar, mas também o melhor horário, pelo celular.
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